O Movimento que me move

Mais do que performance, o esporte é o que me lembra quem eu sou.

O vento muda de direção sem avisar. A maré sobe, o corpo responde. É nesse instante que o esporte deixa de ser apenas movimento e se transforma em espelho. No reflexo da água, encontro mais do que técnica ou performance. Encontro um jeito de me reconectar com o que realmente importa.
Minha história com o esporte começou com uma bicicleta. Nada muito planejado. Era só um garoto curioso, querendo descobrir o mundo pedalando pelas ruas do bairro. A sensação de liberdade que vinha com cada descida, com o vento batendo no rosto, era indescritível. Eu ainda não sabia, mas ali começava algo que me acompanharia por toda a vida. A bicicleta não me levava apenas para longe; ela me aproximava de mim mesmo.
Com o tempo, o esporte foi ganhando novas formas. Vieram o skate, o kitesurf, o mergulho, o rafting, a montanha... Cada um deles me ensinou algo diferente, e todos, de algum modo, me ensinaram a mesma coisa. O skate me mostrou o valor de cair e levantar. O kite me ensinou a dançar com o vento, a entender que força sem leveza não leva ninguém a lugar algum. O mergulho me ensinou a respeitar o silêncio, a respirar devagar e enxergar beleza nas profundezas. O rafting me ensinou a confiar no grupo, a entender que nem toda correnteza pode ser enfrentada sozinho.
O esporte, para mim, sempre foi um professor silencioso. Ele me mostrou o que nenhum livro explicava: que equilíbrio não se aprende com estabilidade, mas com movimento. Que presença não é sobre controle, mas sobre entrega. Que não existe performance sem prazer.
E, de alguma forma, percebo o quanto isso se reflete em tudo o que faço fora da água. No trabalho, nas decisões, na vida. Aprendi que, assim como no mar, os negócios também têm suas marés. Às vezes o vento ajuda, às vezes ele muda de repente. E é aí que mora o aprendizado: ajustar a vela em vez de tentar controlar o vento.
Com o tempo, entendi que o esporte também era o meu respiro em meio à pressão de ser empresário. Que as horas na água, na trilha ou no asfalto eram muito mais do que lazer; eram momentos de sanidade. Era onde eu conseguia organizar pensamentos, baixar a ansiedade e, principalmente, reencontrar meu equilíbrio.
Enquanto muitos buscam performance, metas e conquistas, percebi que o verdadeiro valor do esporte está em silenciar o barulho interno. É ali que a mente desacelera e o corpo fala. É ali que o ego se dissolve e sobra espaço para o essencial.
Nos dias mais intensos, quando o trabalho parecia me engolir, era no mar que eu encontrava clareza. Era ali que eu lembrava que liderar também é saber parar, respirar e respeitar o próprio ritmo.
Durante muito tempo, achei que o esporte era sobre superação, sobre vencer limites e colecionar conquistas. Hoje entendo que ele é sobre reconexão. Sobre se permitir sentir, errar, tentar de novo. Sobre perceber que não é preciso estar sempre acelerando, que o corpo e a mente também precisam de pausa.
O vento passa. A onda quebra. O corpo descansa.
E o que fica é sempre o mesmo: o movimento é o que me mantém vivo.

Leo Goldim é ex-CEO e entusiasta de esportes outdoor. Com mais de 15 anos de experiência no mundo corporativo, encontrou nos esportes e na natureza as ferramentas para equilibrar performance e bem-estar. Hoje, atua como escritor e palestrante, abordando temas como bem-estar e liderança, e é idealizador do projeto Work Smart, Live Hard, que promove experiências que conectam esporte, propósito e qualidade de vida entre executivos e líderes empresariais.

Victory Ahead.
Sua performance, seu caminho.